Dojo Kun

Dojo Kun Dojo Kun (Os cinco princípios éticos do Karate) HITOTSU JINKAKU KANSEI NI TSUTOMURU KOTO - Esforçar-se para formação do caráter saudável HITOTSU MAKOTO NO MICHI O MAMORU KOTO - Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão HITOTSU DORYOKU NO SEISHIN O YASHINAU KOTO - Criar o intuito de esforço HITOTSU REIGI O OMONZURU KOTO - Respeito acima de tudo HITOTSU KEKKI NO YU O IMASHIMURU KOTO - Conter o espírito da agressão indestrutiva ! ! !

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Origem do Karatê-do

Origem do Karatê-do

1. DA ÍNDIA PARA A CHINA
A necessidade de defender-se para sobreviver fez com que o homem desenvolvesse diversos gêneros de luta, em diferentes épocas e regiões do mundo. No entanto, um momento e uma região, em especial, marcaram historicamente as artes marciais.
Em meados do século V, Bodhidarma, monge indiano, caminhou em direçãoà China para fundar um mos-teiro budista. Seguidor do budismo de contemplação, ele desenvolveu técnicas sem armas chamadas Shao-lin-su-kempo. O objetivo era a manutenção da saúde e a auto defesa onde, através de exercícios penosos, pretendiam o fortalecimento do corpo para dar morada a paz de espírito e a verdade religiosa.
Bodhidarma orientava seus discípulos para que através da observação das características de luta dos animais, desenvolvessem técnicas que mais se harmonizassem com seu interior, criando assim, cada um, estilo próprio.
Tempos após a morte do monge, ocorreu a invasão mongol, fragmentando a China em vários reinos. O mosteiro foi incendiado. Os monges partiram em várias direções, transmitindo conhecimentos e difundindo estilos.
A invasão mongol e posterior retomada do poder pela dinastia Ming (China), estimularam o aparecimento das técnicas de luta. Neste momento, a arte de combate militar esteve sobreposta à arte espiritual.
A arte marcial evolui segundo as características e conhecimentos de seus mestres e das condições locais e culturais da população. Foi enriquecida pela soma de elementos reti-rados das lutas chinesas, mongóis e do Shao-lin-su-kempo.

2 . EM OKINAWA
0 intercâmbio comercial e cultural entre a China e as ilhas vizinhas, possibilitou, especialmente em Okinawa, que na época pertencia à China, a introdução das técnicas de lutas chinesas. Ao final da dinastia Ming, Okinawa passou ao domínio japonês que para evitar a reação do povo nativo, proibiu uso de armas. Sob pressão militar, a população obteve nos utensílios de uso cotidiano e no próprio corpo, meios de defesa; cadeiras, cordas, mãos, joelhos e etc. se transformam em armas (Nakayama, 1987).
Os treinos eram secretos e os alunos escolhidos. Cada mestre desenvolvia técnicas segundo suas características físicas e mentais, as características dos alunos e suas zonas de influência.
O isolamento japonês no período medieval, nos séculos IX a XIX, contribuiu para que o povo nativo criasse um estilo próprio de luta, diferente de sua origem chinesa. A perseguição exercida pela classe dominante japonesa era tal que Okinawa (1885) chega a compará-la a perseguição sofrida pela capoeira no Brasil imperial.
No inicio do século XIX, com a ruptura do isola-mento, surgiram as armas de fogo, inibindo a utilização das lutas de corpo a corpo que quase desapareceram como arte guerreira.
O século XX trouxe consigo o ressurgir das artes marciais, deslocando o enfoque de luta para a sobrevivência, para educação física, com fundamentação espiritual. Escolas como Okinawa-te, Naha-te e Shuri-te, desenvolveram e divulgaram a arte que mais tarde passou a ser chamada Karate-do e revelaram mestres como Ankoh Itosu, Kanryu Higashionna, e posteriormente Funakoshi, Mabuni, Kyan, Motobu, Yahiko, Ogusoku e Miyagi.
Em 1905, 0 Karate foi introduzido nas escolas de Okinawa como educação física. 0 professor Itosu sistematizou Kata simplificados Heian ou Pinan (Paz e Harmonia), visando iniciação ao aprendizado.

3. NO JAPÃO
Ensinado em segredo durante tanto tempo, em 1916 um karateca fez uma apresentação pública fora de Okinawa. Funakoshi foi convidado para fazer urna demonstração no Botoku-den, em Kioto, centro de artes mar-ciais. Três anos mais tarde, o Ministério de Educação o convidou para organizar uma demonstração em Tóquio. 0 sucesso foi tamanho, que Funakoshi foi convidado a permanecer, para dar palestras e ensinar o Karate.
Funakoshi viajou por todo o Japão. Ele foi convidado a lecionar nas universidades, onde o Karate passou a ser submetido a pesquisas científicas, tendo como conseqüências o aprimorando das técnicas e a criação de métodos de treinamentos sistemáticos (Silvares, 1987).
Considerado o pai do Karate-do moderno, Funakoshi modificou o karate literal e filosoficamente de "Mãos Chinesas" para "Mãos Vazias", mãos de liberdade, em que KARA e TE passaram a ter a conotação de defender-se desarmado e ter a mente livre do egoísmo e da maldade, adicionados à palavra DO, representando a busca de um caminho ou disciplina a ser seguida por toda a vida, na construção da personalidade (Nakayama, 1987; Silvares, 1987).
Após estudar em diferentes escolas, Funakoshi criou o estilo Shotokan, fundamentando-o nos princípios filosóficos do Budo e do Zen-budismo.
Essa fusão visava facilitar a evolução do espírito e do corpo conjuntamente, permitindo o desenvolvimento da autoconfiança, auto disciplina, auto controle, auto-realização, para formar o indivíduo humilde e cortês nos relacionamentos sociais, porém corajoso e determinado nas situações de injustiça. Capaz de enfrentar milhares de adversários se for preciso.
Seguindo o sucesso de Funakoshi, outros mestres de Okinawa partiram da ilha para divulgar suas técnicas. Em 1930, Mabuni partiu para Kioto, ensinando Shito-ryu. Em 1933, Motobu fez demonstrações em Osaka. No mesmo ano Miyagi fez demonstrações de Goju-ryu por todo Japão, seguindo em 1934 para o Hawai.
Segundo Okinawa (1885), a fusão do Karate com a concepção japonesa de arte marcial, deu origem a quatro estilos principais conhecidos hoje: SHOTOKAN (Funakoshi), SHITO-RYU (Mabuni), GOJU-RYU (Miyagi) e WADO-RYU (Otsuka).

4. NO MUNDO
Embora Funakoshi nunca tivesse se afastado dos valores nos quais acreditava e vivia, as necessidades da guerra fizeram com que alguns mestres que ensinavam o Karate esquecessem a fundamentação espiritual.
No período da segunda guerra Mundial, os solda-dos e a população japonesa, eram treinados por mestres de Karate para resistirem ao ataque aliado. Tal fato determinou a proliferação de vários estilos, os mais diversos.
A incrível capacidade dos pequenos japoneses defenderem-se sem armas, despertou o interesse dos militares ocidentais. Após a guerra a emigração dos japoneses e o interesse das tropas de ocupação em adquirirem as técnicas, foram os responsáveis pelo inicio da difusão do Karate pelo mundo.
Podemos dizer que, o Karate é o resultado das observações feitas pelo homem da luta dos animais, que por sua inteligência, adaptou as características mais marcantes às suas possibilidades para melhor desempenho e também do acrisolamento, adaptação e aperfeiçoamento dos diferentes gêneros de luta. Cada geração, cada grupo cultural e o estudo científico pelos quais passou, participaram do processo de construção do Karate-do, transformando-o na arte que conhecemos hoje. E, pela nossa participação, continuarão evoluindo... Homem e Arte.

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