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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

ESTILOS, ESCOLAS, FEDERAÇÕES...

ESTILOS, ESCOLAS, FEDERAÇÕES...

Por Paulo Peixoto. www.academiadekarateonline.com.br paulopeixoto@academiadekarateonline.com.br

A popularização do karate, ocorrida nos últimos anos, trouxe uma enorme confusão sobre o que é verdadeiramente a arte marcial, o que é esporte, as modificações e os cismas internos e as deturpações ocorridas na sua prática.

Existem alguns estilos “puros” de karate, vale dizer, que não procederam a adaptações para satisfazer demandas exógenas, por fins comerciais, de massificação ou conveniências políticas.

Alguns estilos puros são o shotokan, o wado-ryu, o goju-ryu. Outros estilos existem, não tão difundidos, notadamente no Brasil.

No caso do estilo shotokan, em particular, há uma enorme confusão do público sobre o que é ele, as escolas, federações, etc.

O estilo Shotokan foi criado pelo professor Funakoshi, sendo que “Shotokan” era o pseudônimo do próprio Funakoshi, que desta maneira assinava os seus poemas – poeta e professor da língua japonesa que era.

Funakoshi criou a Nihon Karate Kiokai (Associação de Karate do Japão), escola reconhecida pelo governo japonês. Quando da morte de Funakoshi, assumiu a posição de dirigente máximo da escola o professor Nakaiama, o qual permaneceu nesta posição até seu falecimento, em 1987. Após sua morte, a direção da Nihon Karate Kiokai foi compartilhada ou assumida por um colegiado, durante vários anos. Só recentemente o próprio governo japonês interviu e indicou o professor Sugiura – karateca dos tempos do professor Nakaiama – como o novo dirigente da escola.

Esta, a Nihon Karate Kiokai, é a escola matriz e a maior do mundo do estilo Shotokan.

Como esta escola, existem, ainda no estilo Shotokan, a escola do professor Kanazawa (Shotokan Karate International), a escola do professor Nishihama (não confundir com a ITKF – Federação), entre outras. Igualmente, existem escolas dos estilos Goju-ryu, Wado-ryu, etc.

Grosseiramente, pode-se dizer que qualquer academia é uma escola, com a respeitabilidade que sua competência e tradição possam conter. A Nihon Karate Kiokai é, tradicionalmente, a fonte em que a maioria das escolas e federações que contam com praticantes do estilo Shotokan vai buscar conhecimento. Mesmo praticantes de karate de algumas academias não do estilo Shotikan vão, frequetemente, buscar ali na NKK este conhecimento.

Federações, por outro lado, são instituições que abrigam – congregam – diversas escolas. Muitas vezes, abrigam escolas de estilos diferentes.

Ocorre que, quando uma federação recebe estilos diferentes, recebe igualmente idéias, filosofias e técnicas diferentes, de vez que as escolas tem diferenças de raiz. Quanto mais forte e coesa uma federação, mais concessões são feitas por cada escola – a menos que uma dela se imponha – afastando-se estas mais e mais de suas origens. Isto fica particularmente evidente nos campeonatos, em que as regras estabelecidas devem ocorrer por consenso, sendo este um método que demanda renúncias de cada parte para a convivência e sobrevivência do grupo. Isto é próprio do consenso, da formação de grandes grupos.

Assim, federações se fortalecem para fora (maior público) e as escolas puras se fortalecem para dentro (especialização).

Quando se fala, por exemplo, em Confederação Brasileira de Karate (filiada à WKF), não se pode dizer que se trata deste ou daquele estilo, na medida em que ela abriga estilos tão diferentes quanto o shotokan e o wado-ryu, dentre outros.

Assim, escolas são academias, sejam grandes como a NKK ou pequenas como uma de bairro; um estilo é um conjunto de características, métodos e técnicas que conferem identidade própria a uma determinada linhagem de arte marcial; uma federação é uma associação de escolas e/ou estilos para formar uma instituição com um fim comum.

Filosoficamente, há diferenças fundamentais entre aqueles que exortam a prática do karate como uma arte marcial, que representa um caminho para a formação do caráter e aqueles que consideram o karate como um esporte de competição, apenas. Os primeiros, pelo menos em tese, buscam a perfeição – sabendo-a inalcançável - , ainda que esta postura custe ou provoque a falta de interesse do público em geral. Os outros, buscam a popularização e massificação do karate como esporte, criando regras de competição que tornam a arte marcial mais “palatável” para o público em geral.

Como disse no fim da década de 80 o primeiro presidente da antiga WUKO – hoje WKF -, o público não entende e perde o interesse pelo karate, se praticado da maneira como é.

A Confederação Brasileira de Karate, que é a maior das várias federações e confederações de karate existentes no Brasil, é a entidade nacional ligada à WKF. Existe, filosoficamente, uma enorme diferença entre instituições como a Nihon Karate Kiokai e a WKF.

Outro fator que interfere com o karate é o político. Freqüentemente ocorrem cismas no karate, migrações de “atletas” karatecas de uma para outra federação, por questões de poder. Alguns chegam a fundar federações para poderem vir a dirigi-las. Outros, buscam realizar eventos que os projetem ou mesmo para participarem de campeonatos em condições de destaque, o que não conseguiriam nas federações em que se encontravam.

Dizer-se que a desunião no karate o enfraquece não é correto. Água e azeite não se misturam. Filosofias diferentes, tampouco. O karate praticado em diferentes escolas, estilos e federações não é o mesmo. Diferenças políticas, filosóficas e técnicas.

Diferenças técnicas, aliás, existem desde os movimentos fundamentais do karate – o kihon. Até mesmo discussões sobre a necessidade de se apoiar toda a técnica para desferir um soco em uma base mais estável – o calcanhar – ocorrem com freqüência, o que mostra a dimensão do problema. Idem, quanto a se utilizar a força da panturrilha (usando a ponta do pé na projeção) ou da coxa, mantendo-se o calcanhar no chão, para se projetar o corpo e desferir um golpe.

Para os que falam em arte marcial, o karate deve ser praticado como se fora efetivamente uma arte de guerra; os golpes desferidos devem ter a condição de, se desferidos para atingir um oponente, coloca-lo fora de combate – ainda que não se deva tocar um parceiro ou colega no treinamento.

Estas exigências são “flexibilizadas”, quando não totalmente ignoradas, em boa parte das academias e federações, uma vez que golpes deste tipo (mais próximos da perfeição) são mais difíceis de ocorrer, o que torna um combate desinteressante para um observador, para um não-praticante. A profusão de golpes, especialmente chutes, ainda que com pouca potência ou efetividade, acaba sendo enfatizada, inclusive com sistema de recompensa – pontuação – que privilegia a quantidade, em detrimento da qualidade dos golpes.

Por tudo isto, é necessário que se faça uma análise das diferenças, que de fato existem, entre o que é proposto pelas diferentes academias e professores. Para aqueles que querem a competição, faz-se necessário submeter-se às regras próprias. Para os que querem o crescimento pessoal através do karate, igualmente é necessário que se conscientizem das exigências e dificuldades que este caminho impõe.

O importante, é saber o que se quer e perseguir-se seus objetivos com determinação.

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