Dojo Kun

Dojo Kun Dojo Kun (Os cinco princípios éticos do Karate) HITOTSU JINKAKU KANSEI NI TSUTOMURU KOTO - Esforçar-se para formação do caráter saudável HITOTSU MAKOTO NO MICHI O MAMORU KOTO - Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão HITOTSU DORYOKU NO SEISHIN O YASHINAU KOTO - Criar o intuito de esforço HITOTSU REIGI O OMONZURU KOTO - Respeito acima de tudo HITOTSU KEKKI NO YU O IMASHIMURU KOTO - Conter o espírito da agressão indestrutiva ! ! !

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Princípios e fundamentos do Karate

Princípios e fundamentos do Karate
Antes de entrar no plano da técnica do Karaté, há que dar atenção aos princípios fundamentais, teóricos e práticos, do Karaté, que são de uma importância excepcional para quem se proponha abordar o estudo desta arte. Dividiremos estes princípios em duas partes: a parte física e a parte mental, embora as duas estejam intimamente ligadas. Com efeito, se aprender-mos a técnica do Karaté e não a executar-mos com o espírito, essa técnica é apenas um conjunto de sóbrios e belos movimentos, mas não o próprio Karaté. Por outro lado, o espírito sem a técnica, por muita intensidade que possua, jamais poderá ser eficaz no combate total.

Energia Dinâmica
Todas as técnicas do Karaté devem, depois de assimiladas, ser executadas a fundo, quase ferozmente, no sentido de libertar e acordar a energia latente. Esse é o meio de obter a explosão de força concentrada ao mais alto grau. Aqui, a vontade de cada um joga um papel mais importante do que a simples força muscular pois são cana
lizadas sobre um fim especifico todas as reservas musculares e nervosas, sendo a tensão e a contracção do tipo isométrico a base de obtenção de um poder, que cada um possui latente mas que raramente é posto em execução. O potencial atlético é realmente importante em Karaté? - A resposta é não. O importante é a tensão posta no final da execução da técnica e ao mesmo tempo a coordenação de cada movimento. Aprendemos assim a bater com o punho ou com o pé na zona onde a concentração é máxima. O factor precisão na acção entra então em jogo.

Descontracção
A tensão que cito acima atravessa porém períodos relâmpagos de descontracção. Pode parecer um paradoxo, mas na realidade é possível atingir uma tensão em descontracção, que consiste num estado de espírito em que certos músculos e nervos se encontram instantaneamente prontos a intervir à mínima solicitação do "sentido",. E aqui digo sentido pois não é o pensamento que intervém neste caso, nem mesmo o consciente. Esta é
uma noção difícil de exprimir por escrito, pois é tão subtilmente intuitiva, que só quem a sente a pode compreender inteiramente. Com efeito, todos sabemos a importância da "ligação" do bloco, da acção em bloco, e as "nuances" atravessadas por exemplo no recuo veloz do Kokutsu acompanhado da blocagem e a contracção e descontracção atravessada pelos membros inferiores e superiores ao passar ao contra ataque em força.

Respiração
As fases de força e fraqueza que o corpo atravessa são devidas à respiração. Quando expiramos, encontramo-nos vulneráveis a qualquer ataque. Dai o conselho de concentrar sempre a respiração no ataque e contrair a respiração abdominal no momento do impacto. Nunca, em Karaté, se deve agir de maneira desordenada. Uma perfeita coordenação e um perfeito equilíbrio são absolutamente necessários no que respeita à inspiração e expirarão. Daí ser por vezes monótono, para os iniciados, o tipo de treino inicial na posição zazen, onde se aprende, durante longo tempo, a respirar. Em combate de Karaté a respiração não deve transparecer ao adversário. A respiração deve ser discreta, excepto, é claro, no caso das respirações ventrais sonoras. Para o iniciado, o ler que a respiração pode ser executada com o ventre, pode parecer estranho. Aí entramos no campo do Karaté, pois a respiração pode exteriorizar-se por um grito gutural e breve, destinado mais a contribuir para a explosão de energia do que a assustar ou desorientar o adversário. Esse grito chama-se o "Kiai", que não é mais do que o estado de tensão interna que preside à execução do grito.

O Kiai
O Kiai pode ser sonoro ou silencioso e é um estado psicológico, mais do que um simples berro gutural. Ele é a expressão violenta duma tensão mental e física que atingiu o paroxismo, o apogeu. Esse grito é o símbolo da explosão da dinâmica física e facilita a concentração total na acção. O Kiai deve sair das profundezas dos abdominais e não unicamente das cordas vocais. O que a maioria dos iniciados, e mesmo certos cintos avançados, fazem julgando ser o Kiai é na maioria das vezes um simples grito prolongado que é mais ridículo do que inibidor do espírito adverso. O verdadeiro Kiai é usado com parcimónia e só nos momentos exactos da acção total. Todavia é tão perigoso usá-lo descuidadosamente como prescindir dele, principalmente nos Katas Heians e Tekkis. O Karaté é a procura da sensação e não da beleza e perfeição do gesto. O próprio Kiai deve ser executado em sensação e não mecanicamente, como meio de marcação do exercício executado. A um nível mais avançado não é raro ver-se a paralisação do ataque oponente através do Kiai. Certos mestres e instrutores conseguem mesmo o desmaio do adversário, por meio do Kiai. O Kiai é pois um meio de inibição e ao mesmo tempo usado como reanimação por meio da aplicação da técnica do Kuatsu, (técnica de recuperação e reanimação de desmaio provocado por pancadas, luxações e projecções, etc.). Para chegar ao estado psicológico necessário à explosão do Kiai é pois necessária não só uma execução intensa das técnicas, em potência, mas também uma disponibilidade de espírito e contracção ventral que permita a explosão imediata da energia acumulada num instante preciso. Procurar, sobretudo, que o som provenha da parte baixa da região abdominal.

A Concentração
Sem verdadeira, positiva e treinada concentração mental, não há karateca válido, como atrás dissemos. Sem o espírito, a eficácia da técnica arrisca-se a severas e decepcionastes desilusões. O que é afinal a concentração em karaté? Aqui abordo um outro factor importante: o domínio pessoal, o chamado autodomínio. Ora um karateca deve, em todas as circunstâncias, ficar calmo, tranquilo, sem qualquer atitude ou gesto ou contracção visível que deixe adivinhar as suas intenções. Esse tipo de concentração deve e pode ser usado no treino do "dojo", e na vida quotidiana. Lembramos a máxima: aquele que está bem preparado, não o parece. Esta é a atitude do karateca. A tensão é dissimulada numa concentração disponível, sem a mínima excitação que deforme a realidade e impeça a percepção exacta, instintiva, do acontecimento que se produza. Por outro lado parece um paradoxo entrar em acção com a energia explosiva do Karaté e manter o espírito lúcido e o sangue frio. Como conseguir essa maravilhosa indiferença frente a situação desesperada? Como conseguir esse vazio de espírito, esse desprendimento aparente, quando toda a energia física é desencadeada? A resposta só a podem os iniciados encontrar através da prática real do Karaté. A concentração está em contradição aparente com a disponibilidade de espírito uma vez que, frente ao adversário, o karateca não deve fixar nenhum ponto preciso para assim se aperceber e registar imediata e intuitivamente a menor abertura na sua defesa. É certo que a maioria dos mestres e instrutores são unanimes em aconselhar a concentração nos olhos do adversário para assim aperceber as suas intenções, mas o verdadeiro sistema, o ideal, é a concentração do olhar ao nível do meio dos olhos, conservando o olhar vago ou tentando olhar através do rosto, mas sem fixar as pupilas do oponente. Este método permite "sentir" o adversário da cabeça aos pês.

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