Dojo Kun

Dojo Kun Dojo Kun (Os cinco princípios éticos do Karate) HITOTSU JINKAKU KANSEI NI TSUTOMURU KOTO - Esforçar-se para formação do caráter saudável HITOTSU MAKOTO NO MICHI O MAMORU KOTO - Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão HITOTSU DORYOKU NO SEISHIN O YASHINAU KOTO - Criar o intuito de esforço HITOTSU REIGI O OMONZURU KOTO - Respeito acima de tudo HITOTSU KEKKI NO YU O IMASHIMURU KOTO - Conter o espírito da agressão indestrutiva ! ! !

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Origens do Karate



A origem e história do Karate é muito incerta. Não existe mesmo uma data ou uma época em que possamos verdadeiramente definir o princípio do Karate. No entanto, reportando-nos à bibliografia de especialidade, todos os historiadores, autores e mestres que escreveram sobre este assunto são unânimes em estabelecer a ligação com o nome do patriarca do Zen, «Bodhidarma» estreitamente ligado às primeiras formas de Karate como método de combate e ao mesmo tempo exercícios em que o corpo e espírito participariam com uma noção de indivisibilidade, que permitiriam ao homem a ascense à «verdade única», quer dizer, a um estado de iluminação de tal clareza que lhe daria o verdadeiro conhecimento e a paz de alma. Recuando ainda mais através da história, contam certos manuscritos antigos que viveu na India um príncipe que passava o tempo a observar os animais nos seus combates e analisava atentamente os seus movimentos. Ele classificava todas as suas observações e tenta transpor um certo número de técnicas de combate dos animais de presa e do voo, para serem utilizadas pelo homem.

Numa segunda etapa, o mesmo príncipe sacrifica algumas centenas de escravos na busca exacta do sitio onde se encontram os pontos vitais do corpo humano.

Esta lenda, verdadeiro banho de sangue inútil, não tem todavia qualquer relação com a utilização milenária, chinesa, dos métodos de «Acumpunctura», o processo de picagem com agulhas nos pontos principais sensitivos, para reanimação e até cura de certas doenças.

Também na China o Karate era conhecido há cerca de 5.000 anos, onde era praticado, contudo, com um sentido mais tipo ginástico, (mas sempre como imitação simplificada do movimento de ataque e defesa) destinado a manter o equilíbrio e diminuir a tensão nervosa.

A fonte de inspiração foi ainda a observação dos animais ferozes como o tigre, a águia, etc.. Esta imitação dos animais tem, contudo, um sentido lógico e extraordinariamente concreto. Com efeito, se estudarmos atentamente o movimento de ataque da pantera, o chamado «Bote Felino» encontraremos uma velocidade de ataque relâmpago e sempre ao ponto sensível dos animais carnívoros, a veia jugolar.

O próprio avanço, recuo, voltagens, esquivas dos movimentos de Karate, assemelham-se aos dos Felinos em combate.

É óbvio que um Karateka a nível elevado pode enfrentar com êxito, em luta de vida ou de morte, qualquer tipo de animal, mesmo um leão, ou tigre.

Ainda voltando às origens do Karate, está definitivamente estabelecido ter sido a China, com a técnica de combate designada Kempo, que avançou mais a técnica, sobretudo procurando a maior velocidade possível de execução. Esta arte era de início reservada aos nobres, desenvolvendo-se como desporto popular na dinastia de «HAN», cerca de 300 anos antes de Jesus Cristo. As técnicas de combate sem armas desenvolveram-se mais na China, com a vinda da dinastia «Ming».

A espantosa imaginação criadora dos chineses, (liberdade da invasão Mongólia de «Gengis-Kan»), deu lugar à criação de novos métodos de combate sucessivamente aperfeiçoados.



A ILHA de OKINAWA, criadora do Karate



A Ilha de Okinawa foi, desde sempre, um ponto de contacto entre a cultura chinesa e a cultura do Japão. É nesta ilha, sucessivamente conquistada pelos imperadores chineses e pelos senhores feudais japoneses, que o Karate toma a forma sob a qual o conhecemos hoje na Europa, embora dividido em cinco estilos fundamentais.

Nessa época era proibida em absoluto aos habitantes da ilha, sob domínio japonês, o uso das armas. Mesmo as armas brancas eram interditas. Só os samurais invasores podiam fazer uso das suas.

Destas interdições nasce o Okinawte-Te, misto da escola Kempo e de técnicas locais. Constituíram-se seitas secretas que praticavam secreta e intensamente, de noite, entre discípulos seguros. Pés e mãos transformaram-se, em armas terríveis, capazes de substituir os punhos e as espadas. As pontas dos dedos tornaram-se tão perigosas como uma faca. Os cotovelos e joelhos, adquirem a potência das matracas, dos maços de ferro. Os braços, a solides dos sabres. Nesse Karate, todos os membros eram utilizáveis procurando, sistemática e rapidamente, uma eficácia absoluta e rápida. Os golpes são sistematizados à velocidade máxima. Os estrangulamentos, luxações, projecções do corpo ao solo, foram totalmente abandonados, ficando como meios acessórios. Esta fase explica a diferença de eficácia entre o Karate e o Jiu-Jitsu japonês, mais tarde substituído pelo Judo.



* * *



Cerca de 1900, o estudo do karate foi divulgado em Okinawa pelos mestres Itosu e Higaona, já com carácter oficial e aberto. Depois o Governo Japonês, na pessoa dos ministros, convida os mestres a ensinar Karate no Japão. É então que entre todos se destaca o mestre Gichin Funakoshi, como personagem de primeiro plano e figura de nível intelectual, mental e espiritual impar, como ainda hoje se venera o seu espirito para que presida ao trabalho em cada «Dojo». Esse o homem de olhar repousante e firma de que vemos, na parede central de cada «Dojo» de Karate, a fotografia.

É ele que organiza a Escola Shotokan, codificando as actuais formas de Karate no Japão e insuflando a uma simples técnica a força mental do Karate como era praticado por Bodhidarma, associando o corpo e o espirito, como nas antigas formas do Kempo.





Princípios morais e sociais do Karate

O Karaté, como doutrina ou actividade interligada à obtenção do estado "Satori" do Zen, não tem, em principio, qualquer tipo de código a seguir. No entanto, todos os "estilos", "jogos", "associações", livros sobre o assunto, insistem no aspecto altamente superior e moral do Karaté. Vejamos o juramento do Estilo Kiokushinkai que é pronunciado no fim de cada sessão de treino.

"Juramos solenemente -
1º - Dedicar todo o nosso esforço ao desenvolvimento mútuo espiritual, intelectual e físico.
2º - Manter-nos atentos ao ensino dos mestres, esforçando-nos por conseguir o domínio desta Arte Marcial.
3º - Enfrentar com firmeza todos e cada um dos obstáculos que se ergam impedindo-nos de alcançar nossas metas.
4º - Ser corteses no nosso comportamento exterior e recordar permanentemente a virtude da modéstia.
5º - Ter respeito pelos outros, superiores ou inferiores, amigos ou inimigos.
6º - Evitar todo o incidente desnecessário e só utilizar o Karaté em caso de perigo real e só em defesa.
7º - Juramos ser bons cidadãos, membros dignos da comunidade e verdadeiros cavalheiros".

São certamente surpreendentes para muitos, os bons propósitos desta Arte Marcial em relação aos outros. E por isso é caso raro o emprego do Karaté para o mal, o que felizmente só vemos no cinema. A ascensão na técnica é acompanhada pela elevação à pureza. As graduações, os sacrifícios e sinceridade necessária a cada treino, conduzem, mesmo fora do aspecto puramente mental, a uma purificação das intenções do indivíduo, dando-lhe uma medida exacta do seu valor em relação a si mesmo e em relação aos outros, obrigando-o a uma introspecção que nivela as paixões e equilibra o espírito. Recordamos uma frase curiosa que traduz bem esse pensamento: "O Karaté é destinado a uma elite. Iniciação mental de essência superior, é inacessível a naturezas mesquinhas".



Princípios e fundamentos do Karate



Antes de entrar no plano da técnica do Karaté, há que dar atenção aos princípios fundamentais, teóricos e práticos, do Karaté, que são de uma importância excepcional para quem se proponha abordar o estudo desta arte. Dividiremos estes princípios em duas partes: a parte física e a parte mental, embora as duas estejam intimamente ligadas. Com efeito, se aprender-mos a técnica do Karaté e não a executar-mos com o espírito, essa técnica é apenas um conjunto de sóbrios e belos movimentos, mas não o próprio Karaté. Por outro lado, o espírito sem a técnica, por muita intensidade que possua, jamais poderá ser eficaz no combate total.


Energia Dinâmica
Todas as técnicas do Karaté devem, depois de assimiladas, ser executadas a fundo, quase ferozmente, no sentido de libertar e acordar a energia latente. Esse é o meio de obter a explosão de força concentrada ao mais alto grau. Aqui, a vontade de cada um joga um papel mais importante do que a simples força muscular pois são canalizadas sobre um fim especifico todas as reservas musculares e nervosas, sendo a tensão e a contracção do tipo isométrico a base de obtenção de um poder, que cada um possui latente mas que raramente é posto em execução. O potencial atlético é realmente importante em Karaté? - A resposta é não. O importante é a tensão posta no final da execução da técnica e ao mesmo tempo a coordenação de cada movimento. Aprendemos assim a bater com o punho ou com o pé na zona onde a concentração é máxima. O factor precisão na acção entra então em jogo.


Descontracção
A tensão que cito acima atravessa porém períodos relâmpagos de descontracção. Pode parecer um paradoxo, mas na realidade é possível atingir uma tensão em descontracção, que consiste num estado de espírito em que certos músculos e nervos se encontram instantaneamente prontos a intervir à mínima solicitação do "sentido",. E aqui digo sentido pois não é o pensamento que intervém neste caso, nem mesmo o consciente. Esta é uma noção difícil de exprimir por escrito, pois é tão subtilmente intuitiva, que só quem a sente a pode compreender inteiramente. Com efeito, todos sabemos a importância da "ligação" do bloco, da acção em bloco, e as "nuances" atravessadas por exemplo no recuo veloz do Kokutsu acompanhado da blocagem e a contracção e descontracção atravessada pelos membros inferiores e superiores ao passar ao contra ataque em força.


Respiração
As fases de força e fraqueza que o corpo atravessa são devidas à respiração. Quando expiramos, encontramo-nos vulneráveis a qualquer ataque. Dai o conselho de concentrar sempre a respiração no ataque e contrair a respiração abdominal no momento do impacto. Nunca, em Karaté, se deve agir de maneira desordenada. Uma perfeita coordenação e um perfeito equilíbrio são absolutamente necessários no que respeita à inspiração e expiração. Daí ser por vezes monótono, para os iniciados, o tipo de treino inicial na posição zazen, onde se aprende, durante longo tempo, a respirar. Em combate de Karaté a respiração não deve transparecer ao adversário. A respiração deve ser discreta, excepto, é claro, no caso das respirações ventrais sonoras. Para o iniciado, o ler que a respiração pode ser executada com o ventre, pode parecer estranho. Aí entramos no campo do Karaté, pois a respiração pode exteriorizar-se por um grito gutural e breve, destinado mais a contribuir para a explosão de energia do que a assustar ou desorientar o adversário. Esse grito chama-se o "Kiai", que não é mais do que o estado de tensão interna que preside à execução do grito.


O Kiai
O Kiai pode ser sonoro ou silencioso e é um estado psicológico, mais do que um simples berro gutural. Ele é a expressão violenta duma tensão mental e física que atingiu o paroxismo, o apogeu. Esse grito é o símbolo da explosão da dinâmica física e facilita a concentração total na acção. O Kiai deve sair das profundezas dos abdominais e não unicamente das cordas vocais. O que a maioria dos iniciados, e mesmo certos cintos avançados, fazem julgando ser o Kiai é na maioria das vezes um simples grito prolongado que é mais ridículo do que inibidor do espírito adverso. O verdadeiro Kiai é usado com parcimónia e só nos momentos exactos da acção total. Todavia é tão perigoso usá-lo descuidadosamente como prescindir dele, principalmente nos Katas Heians e Tekkis. O Karaté é a procura da sensação e não da beleza e perfeição do gesto. O próprio Kiai deve ser executado em sensação e não mecanicamente, como meio de marcação do exercício executado. A um nível mais avançado não é raro ver-se a paralisação do ataque oponente através do Kiai. Certos mestres e instrutores conseguem mesmo o desmaio do adversário, por meio do Kiai. O Kiai é pois um meio de inibição e ao mesmo tempo usado como reanimação por meio da aplicação da técnica do Kuatsu, (técnica de recuperação e reanimação de desmaio provocado por pancadas, luxações e projecções, etc.). Para chegar ao estado psicológico necessário à explosão do Kiai é pois necessária não só uma execução intensa das técnicas, em potência, mas também uma disponibilidade de espírito e contracção ventral que permita a explosão imediata da energia acumulada num instante preciso. Procurar, sobretudo, que o som provenha da parte baixa da região abdominal.


A Concentração
Sem verdadeira, positiva e treinada concentração mental, não há karateca válido, como atrás dissemos. Sem o espírito, a eficácia da técnica arrisca-se a severas e decepcionastes desilusões. O que é afinal a concentração em karaté? Aqui abordo um outro factor importante: o domínio pessoal, o chamado autodomínio. Ora um karateca deve, em todas as circunstâncias, ficar calmo, tranquilo, sem qualquer atitude ou gesto ou contracção visível que deixe adivinhar as suas intenções. Esse tipo de concentração deve e pode ser usado no treino do "dojo", e na vida quotidiana. Lembramos a máxima: aquele que está bem preparado, não o parece. Esta é a atitude do karateca. A tensão é dissimulada numa concentração disponível, sem a mínima excitação que deforme a realidade e impeça a percepção exacta, instintiva, do acontecimento que se produza. Por outro lado parece um paradoxo entrar em acção com a energia explosiva do Karaté e manter o espírito lúcido e o sangue frio. Como conseguir essa maravilhosa indiferença frente a situação desesperada? Como conseguir esse vazio de espírito, esse desprendimento aparente, quando toda a energia física é desencadeada? A resposta só a podem os iniciados encontrar através da prática real do Karaté. A concentração está em contradição aparente com a disponibilidade de espírito uma vez que, frente ao adversário, o karateca não deve fixar nenhum ponto preciso para assim se aperceber e registar imediata e intuitivamente a menor abertura na sua defesa. É certo que a maioria dos mestres e instrutores são unanimes em aconselhar a concentração nos olhos do adversário para assim aperceber as suas intenções, mas o verdadeiro sistema, o ideal, é a concentração do olhar ao nível do meio dos olhos, conservando o olhar vago ou tentando olhar através do rosto, mas sem fixar as pupilas do oponente. Este método permite "sentir" o adversário da cabeça aos pês.

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